Em postagens anteriores, aqui no velho blog, conversamos sobre diversas bibliografias para concursos de Procuradorias. Desta vez, vou partir do pressuposto que você já está municiado de bons livros e agora quer saber como organizar de forma eficiente seus estudos. Eu gosto de separar o tipo de estudo em duas etapas: o estudo de base e o de aprimoramento. Trata-se de dois momentos pelos quais passei, durante minha jornada até a posse. Não pretendo aqui esgotar as estratégias, mas sim conversar sobre algo que deu certo para mim e tenho certeza que pode funcionar com diversas pessoas.
1. Estudo de base
Ao decidir estudar para as Procuradorias, você deve se perguntar com sinceridade se realmente tem base jurídica formada. É necessária uma séria autocrítica nesse momento, para que você não se superestime e acabe se frustrando mais à frente. Talvez, seja necessário um diagnóstico advindo de algum simulado ou concurso que você já fez. Se você estiver desprovido de base, esta primeira categoria de estudo é para você.
Para formar uma base jurídica robusta, o melhor caminho é ler bons livros jurídicos especializados em concursos públicos. Não caia no erro de ler doutrinas infindáveis, profundas reflexões filosóficas sobre a ciência jurídica, nem obras acadêmicas. O objetivo aqui é ter base jurídica para os concursos mais difíceis do Brasil, isto é, ler livros especializados nesses tipos de prova. Como disse acima, já indiquei diversas bibliografias no www.juriscoffee.com, e você pode usá-las.
Leia os livros com atenção, refletindo sobre os temas, procurando entender o raciocínio jurídico que está por trás daquelas normas e doutrinas. Faça grifos, flash cards, mapas mentais, e o que for necessário para o aprendizado. Cuidado com os resumos pessoais, tendo em vista que demandam uma quantidade enorme de tempo para serem elaborados e talvez sejam um Cavalo de Tróia para você, sobretudo se você também trabalha, o que era meu caso, enquanto concurseiro.
Leia os principais livros, durante meses, até você formar uma base jurídica satisfatória referente aos principais assuntos que são cobrados para sua carreira. E que assuntos são esses? Já falei sobre isso no blog. Os assuntos você precisa mapear. Pegue algumas provas e elabore uma estatística, a fim de saber quais temas costumam ser cobrados nos concursos da carreira que você quer. O nome disso é mapeamento de provas. Um dia, quem sabe, farei uma postagem só sobre isso.
Para ler os livros, você pode se organizar por ciclos de estudo. Foi a estratégia adotada por mim. Caso você não saiba o que é um ciclo de estudos, sugiro acessar este link para entender: https://www.qconcursos.com/noticias/ciclo-de-estudo-para-concurso
Entendido o que é um ciclo, você pode ver o meu ciclo de estudos para procuradorias. Era algo parecido com isto:
METAS DE HORÁRIO (Horas líquidas)
Cerca de 3,5 horas líquidas por dia
Meta mínima: 21h/semana
Meta máxima: 25h/semana
ROTINA
Informativos STF, STJ e TST (ler sempre que der)
Segunda: ciclos
Terça: ciclos
Quarta: ciclos
Quinta: ciclos
Sexta: ciclos
Sábado: ciclos e informativos
Domingo: ciclos e informativos
CICLO DE ESTUDOS PARA PROCURADORIAS
Empresarial 1h15 - parei no livro tal, fl. tal
Financeiro 1h30 - parei no livro tal, fl. tal
Civil 2h30 - parei no livro tal, fl. tal
Previdenciário 1h30 - parei no livro tal, fl. tal
Administrativo 3h - parei no livro tal, fl. tal
Trabalho 1h30 - parei no livro tal, fl. tal
Ambiental 1h30 - parei no livro tal, fl. tal
Constitucional 2h30 - parei no livro tal, fl. tal
Urbanístico 1h30 - parei no livro tal, fl. tal
Proc. Trab. 1h -parei no livro tal, fl. tal
Tributário 3h - parei no livro tal, fl. tal
Processo Civil 2h30 - parei no livro tal, fl. tal
Recordo-me que fiquei mais de uma ano somente formando base, até sentir que deveria partir para a segunda fase da preparação que é a de aprimoramento.
2. Aprimoramento
Nesta fase, a estratégia deve ser baseada em fazer muitas questões comentadas (site de questões), ler a lei seca, estar atualizado relativamente à jurisprudência (informativos do STF, STJ e TST) e revisar os temas que costumam ser cobrados.
Para a prova subjetiva, é importante que você treine peças e pareceres, lendo livros e contratando cursos para fases discursivas. A prática pode te fazer antever diversas fragilidades. Faça provas. Viaje pelo Brasil e preste concursos da advocacia pública. Isso vai te dar bagagem e experiência.
Além disso, é essencial conhecer bem a organizadora que elaborará as provas que você quer (Cebraspe, FCC, FGV, etc). Hoje o aprovado é aquele cara que é especialista em determinada banca. Lembro bem que me especializei em Cebraspe. Foi muito importante fazer as provas anteriores, subjetivas e objetivas, para apreender o perfil da organizadora e seu estilo de abordagem teórica. Seja um especialista!
Para se organizar, você pode manter o velho ciclo de estudos, mas, para aprimoramento, em vez de ficar lendo as obras de base, você vai fazer muitas questões, ler lei seca e revisar os temas.
É isso turma. Essa foi a estratégia que me levou a duas nomeações em PGMs: João Pessoa e Curitiba. Espero ter ajudado. Compartilhe com seus amigos essa forma de se organizar e, se tiver alguma sugestão, deixe seu comentário.
Um abraço.
Pedro F. A. de Albuquerque
Procurador do Município de João Pessoa, advogado e professor
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